Sundar Singh


Nascimento
Em 03 de setembro de 1889 nascia na Índia Sundar Singh, o terceiro e ultimo filho de um influente político e governador de Putiala que pensava em fazer deste filho um político maior que ele próprio. 
Mas por influência de sua mãe se tornara desde cedo uma pessoa religiosa dentro dos costumes da religião sik. 
Aos 14 anos, com a morte de sua mãe, ele se revoltou contra tudo, chegando à duvidar da existência de um Deus. 
Seu pai o colocou no melhor colégio da cidade que era da Igreja Presbiteriana. 
No primeiro dia lhe deram um Novo Testamento, o que lhe causou um ataque de fúria em plena aula e chegando em casa queimou o livro. 
Mas o livro era obrigatório na escola e tinha que estudá-lo, isto gerou um conflito em sua cabeça, e passou a odiar aos cristãos. 


Conversão
Em poucos dias tomou uma decisão radical: 
se trancou em seu quarto e passou a estudar sobre Jesus e se fosse tudo verdade sobre o que falavam, então se suicidaria.
Passados três dias Jesus lhe apareceu e então como no episódio de Paulo ouviu a voz que dizia:
“Porque me persegues, se eu vim para te salvar?” Seu conflito cessou e foi tomado de uma grande paz, o que mais tarde afirmaria. 
Mas para um indiano mudar de religião é um caos! Reunida a família, foi lhe proposto a negar a nova fé e teria as melhores posições, 
privilégios que ninguém da família tivera ou seria banido para sempre. 
Fez a opção pela segunda escolha, seu pai foi radical e o mandou embora de casa só com a roupa do corpo. 
Na mesma noite dormiu embaixo de uma árvore e acordou terrivelmente doente, procurou uma missão americana aonde foi acolhido.


Passou três longos anos no seminário da missão, onde procurou aprender tudo sobre Jesus, e então decidiu que iria voltar ao seu povo e iria evangelizá-los, 
mas não em trajes ocidentais (casaco e gravata), e sim vestiu o hábito de sadu indiano e com os pés descalços. 
E assim o fez, atravessou toda a Índia de norte a sul, de leste a oeste pregando nas praças, nas aldeias, vilas, indo até ao Tibet. 
Tendo a oportunidade de ter pregado para o Lama,foi ridicularizado e acabou ficando preso, mas milagrosamente conseguiu sua liberdade.


Trecho do Livro Apostolos dos Pés Sangrantos
Certa feita, foi atirado pelos seus algozes dentro de um poço cheio de pessoas condenadas – mortas ou moribundas. 
Um poço de onde ninguém sairia. A despedida da vida. 
Quando chegou ao fundo, sentiu o contato morno de algo que nada mais era do que carne humana fétida, em decomposição. 
Logo em seguida fecharam a chave a boca do poço.
“Não sabia que três dias se tinham passado. 
Inerte, sentado entre os ossos e os cadáveres, aguardava a morte, quando a boca do poço se abriu. 
Um vulto irreconhecível surgiu, negro contra o céu da noite. 
A voz, ampliada, era como o trovão. Ordenava-lhe que agarrasse a corda. 
E pouco depois, tateando fracamente, encontrou-a. Tinha um nó na extremidade. 
Firmou ali o pé e segurou-a como pôde. 
Sentiu que era erguido. Seu corpo oscilou pesadamente de uma parede à outra, até que atingiu a superfície. 
Fortes mãos o agarraram e o colocaram em terra. 
O ar fresco invadiu-lhe os pulmões como a água da represa invade o vale, os diques. 
Tossindo, atordoado, ouviu como em sonhos o ranger da tampa, o som da chave na fechadura. 
Olhou em torno para conhecer o seu amigo desconhecido, mas viu que estava só na escuridão noturna. 
Caiu de joelhos e deu graças a Deus. 
Quem o visse dormindo entre o bulício da faina diária que começava não imaginaria que era o mesmo que estivera no fundo do poço por três dias”.


Parecia com Jesus
Dizem que a sua bondade, suas vestes longas, sua face amorenada, seus olhos brilhantes faziam-no parecer o próprio Jesus. 
Quando soube que seu pai se convertera voltou imediatamente à Índia para passar alguns dias com ele. 
Mas seu coração batia pelo Tibet. 
Por duas vezes se dirigiu para lá, mas misteriosamente não conseguiu chegar ao seu destino e teve que ser trazido muito enfermo, quase morto. 
Mesmo aconselhado por amigos e por seu médico quando recuperado se pôs a caminho. 
Sobre o gelo, o sangue; pés feridos em caminhos de brancura, regando o alvor da neve. À noite, o frio, o vento, a solidão, o gelo. 
Vermelhos de sangue, violentados pelos climas glaciais, sobre as montanhas, os pés de Sudar Singh deixaram um rastro vermelho, um doloroso rastro de sacrifício pelo evangelho, testemunho vivo que conduz a Jesus Cristo. 
E nunca mais foi visto o seu corpo não foi encontrado em parte alguma. 
Não houve noticia de que tenha cruzado com algum viajante ou que passasse em algum lugarejo. 
É provável que no Himalaia esteja hoje sua sepultura.